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25 de agosto de 2011

[ENTREVISTA] Britney Spears para o Popjustice

Entrevistador: Peter Robinson
Entrevista: Britney Spears (obviamente)

Segunda-feira, 8 de Agosto de 2011. Há tumultos em Londres mas numa pequena escapadela, às 22:00h, o Popjustice está ao telefone que o leva até Britney Spears. Ela está-se a preparar para um espectáculo e concordou falar connosco por alguns minutos.

Durante o decorrer da preparação da entrevista imaginámos que, quando ela fosse atender, a primeira coisa que Britney iria dizer era "it's Britney bitch".

Aqui está o que aconteceu.
Britney, estás em linha?
Estou!

Óptimo. O que te leva ao brilhantismo — medo do fracasso ou sede de sucesso?
Sede de sucesso. Eu constantemente quero superar a última coisa que fiz.

Tu aprendeste isso com o passar dos anos, ou sempre tiveste consciência disso?
Com o passar dos anos. Eu dei sempre o melhor de mim em qualquer coisa, mas com o passar do tempo eu comecei a me querer superar, o que acho que é uma coisa boa.

Como defines o sucesso agora? É por venda de álbuns, de ingressos para espectáculos, ou algum parâmetro pessoal?
Só pelo sentimento de me sentir realizada com o que fiz, sabes? Na arte que fizemos. Neste ponto da minha carreira, estou a fazer o tipo de música que gosto e que também sei que é o tipo de música que meus fãs vão amar.

Mesmo que digas ‘Eu estou a ser totalmente honesta convosco’, ainda achas que é importante para as popstars manterem alguma coisa longe de seus fãs?
Eu acho que a sua vida pessoal é a sua vida pessoal, e que ela deve permanecer privada, mas no que diz respeito à minha profissão e do que eu faço, estou disposta a conversar sobre isso.

Aquele momento quando ultrapassam esse limite, é complicado. O que é que mantém essas pessoas do lado de fora de ultrapassarem essa linha privada… Eu não sei o que é, é respeito?
Não parece ser, já que essas pessoas de fora não tiveram problemas ao atravessar essa linha.

E o quanto da verdadeira Britney achas que nós conhecemos? Nada, tudo, metade? 45%?
Eu diria que metade. Eu posso ser bem cautelosa com a minha vida pessoal e eu aprendi que isso é normal.

Isso é muito para se conhecer.
Uhum.

Mas também há muito para não se conhecer.
Sim! Às vezes, são os nossos segredos que nos definem.

Então agora eu estou-me a perguntar como é essa outra metade que eu não conheço de ti.
Sim, essa é a questão.

E o teu trabalho é fazer com que eu não descubra.
Exactamente!

Tenho uma pergunta que eu escrevi aqui, na qual eu vou explicar apropriadamente uma vez que tu me dás uma resposta, e a questão é: se tu ficasses presa num espaço somente com uma panela, o que farias?
Eu bateria na porta com essa panela.

A questão é que eu me lembro de ter lido algo sobre um estudo comportamental e durante o estudo eles fizeram essa experiência com várias pessoas. E aparentemente, depois de 5 minutos, mais da metade dos homens colocaram a panela na cabeça.
(Risos)

O que achas que isso diz sobre a diferença entre homens e mulheres?
O quão diferente nós somos!

Eu acredito que sim. Tu tens algum cabelo branco?
Não!

Se nunca tivesses lançado um segundo single — como se …Baby One More Time fosse somente um grande single e nada mais — o que estarias a fazer agora?
A criar a minha família. Ser uma mãe.

Tu meio que estás a fazer isso hoje em dia, claro em diferentes circunstâncias… Mas o que mais seria diferente na tua vida, o que mais terias feito?
Eu seria provavelmente a mesma porque eu sou bem rígida na maneira como crio os meus filhos, então eu provavelmente seria a mesma; mas falando no sentido profissional, eu provavelmente seria uma professora. Eu amo crianças e mesmo no que eu faço agora, uma das partes favoritas do meu dia é conhecer os meus fãs antes dos shows. Especialmente os mais pequeninos. Eles são sempre muito fofos.

É uma coisa que pensavas em fazer desde quando eras criança?
Sim. A minha mãe foi professora.

Serias especialista em que matéria?
Eu especializar-me-ia em Leitura e História.

Qual o teu teu período histórico preferido?
Década de 20.

Que se encaixa perfeitamente no actual estilo ‘Art Deco’ do teu trabalho.
Sim.

Deixarias algum dos seus filhos virarem popstars? O facto de tu seres uma, afectaria a tua resposta na hora da preferência de dizer ‘sim, é uma grande ideia’ ou ‘não, essa não é uma boa ideia’?
Eu definitivamente manteria os olhos neles, mas se isso for o que eles realmente querem ser, então eu deixaria. Eu apenas seria bem protectora.

Passaste por muita coisa com o passar dos anos, no que tu alertarias aos teus filhos?
Bem, eu não iria querer que eles entrassem (nessa vida) com medo, e também ninguém te pode preparar de verdade para esse tipo de indústria e no que tu vais vivenciar, então eu teria apenas que confiar que eles têm o instinto para saber o que é certo e o que é errado e ajudar a guiá-los durante o caminho. Eu acho que tenho essa experiência.

A ideia de seguir instintos é bem interessante… Da mesma maneira que tu podes dar a eles aulas de canto ou aulas de dança ou qualquer coisa sem que eles realmente tenham sido criados para serem estrelas, estás a dizer que não podes ensinar alguém como reagir com o que acontece quando te  tornas um?
Exatamente. Cada trajetória é diferente.

Achas que já gravaste uma canção perfeita?
Se eu acho que sequer existe uma canção perfeita?

Bem, isso é verdade, mas eu estava-se a perguntar se tu achas que já gravaste uma…
Um… Eu não sei se existe isso de canção perfeita. Existem canções que eu estou completamente apaixonada, mas canções vêm de criatividade e elas podem ser qualquer coisa, então acho que não existem canções perfeitas.

Sabes, se alguém me perguntasse ‘Qual a canção perfeita?’, eu diria alguns exemplos, mas um deles é …Baby One More Time.
Obrigada!

Bem, obrigado pela música, Britney.
Bem, obrigada por ouvir, Peter!

Para o que tu olhas pra trás e dizes‘Bem, isso foi estupidez’.
Hum…. (pequena pausa) Bem, eu acho que tudo acontece por uma razão e eu não consigo realmente pensar em nada… Eu acho que aprendes com tudo o que acontece, seja bom ou mau. Mas estás a falar sobre canções?

Canções, qualquer coisa, na verdade. Eu só acho que é de grande ajuda tu quereres saber o que um artista pensa sobre ele mesmo, saberes se eles realmente fazem uma avaliação do seu próprio trabalho.
Fazer música é um processo criativo. E não acho que seja possível fazer uma avaliação desse processo.

Partindo para um ângulo diferente, disseste que aprendes alguma coisa quando algo vai bem ou mal — que lições tiraste dos factos que não aconteceram como estavam planeados?
Hum… Observar todas as pessoas! (Risos) E ter a certeza de que todos estão no melhor momento daquilo que fazem. E se não acontecer do jeito que tu querias, não leves tão assério e segue em frente.”

Lideras ou segues?
Eu definitivamente lidero.

É trabalhoso fazeres toda essa liderança? Deve ser muito mais fácil apenas sentar e copiar pessoas…
Não, não é um trabalho difícil, é parte de quem eu sou. Eu amo empenhar-me para fazer coisas diferentes. É uma das partes que faz com que eu ame o que eu faço — estar nesta indústria porque podes experimentar diferentes coisas, sabes? E isso faz-te ser quem tu és.

Como tu te sentes ao liderar neste momento? Por exemplo, com o break de dubstep em Hold It Against Me, parecia com algo que uma perfomer pop mundialmente conhecida ainda não tinha feito, e parecia uma demanda tua exigir um pouco mais… Mas eu não tinha certeza se eras tu que estavas a originar essa demanda. E eu estou-me a perguntar se existe algum exemplo de coisas que tenhas feito e que tenhas pensado, ‘Sim, eu estou realmente orgulhosa de ter feito isso primeiro’.
Eu tinha uma ideia definida na minha cabeça para o som e a direcção deste álbum quando nos organizámos para fazê-lo e eu acho que atingimos isso. Eu estou realmente orgulhosa deste trabalho. Também, nas performances e derivados, nos vídeos e em cada coisa que eu faço eu sempre penso nos enredos e também em como fazer aquilo de uma forma diferente, que nunca tenha sido feito antes. E, hum, é assim que  te destacas, e as pessoas ficam inspiradas por isso e assim inspiras outras pessoas. E é para isso que estamos aqui.

Tu dizes, ‘É para isso que estamos aqui’, mas existem muitas pessoas que trabalham pela indústria em que estás que não pensam que é para isso que eles estão aqui. Em muitos casos, eles estão no negócio para conseguir o quanto puderem (de dinheiro), de cabeça baixa e sem reclamar. Achas que tu estás num mundo diferente dessas pessoas?
Eu acho que existem muitas pessoas que lideram e existem muitos pessoas que seguem, e os nossos mundos são diferentes. Eu sinto que o meu mundo é diferente, mesmo das outras pessoas que lideram.

Mas todos acabam na mesma parada de sucesso no final do dia, mesmo que seja de uma música pop que tenha origem de ângulos diferentes.
Sim.

O que é para lá de excitante.
Sim. Mas eu só posso preocupar-me comigo!

Que horas vais para a cama?
22:30

Como tu gostas que corra o teu dia?
Durante a tournée, eu normalmente acordo de manhã e treino, passo tempo com os meus filhos, depois vou para a arena, como e preparo-me para o concerto!

Achas engraçado ter essa programação para o teu dia?
Realmente gosto. Eu eu amo rotina e amo organização.

Qual foi o maior erro que já fizeste?
O maior erro que eu já fiz? (Pensa) Não confiar nos meus instintos.

Agora é o teu primeiro instinto, hum, confiar nos teus instintos?
Sim, com certeza.

Quando aprendeste essa lição?
É só sobre ouvires a tua voz interior em diferentes situações. Eu aprendi a confiar nos meus instintos através dos anos, mas definitivamente levou tempo.

Andas a cantar muito sobre discotecas hoje em dia. Talvez isso seja parte dos 50% da tua vida que não sabemos nada sobre, mas parece que tu na verdade não frequentas discotecas. Então essas discotecas que tu  tanto cantas sobre — tu realmente vais até elas?
Na verdade não. (Risos) Eu nunca vou para discotecas. Mas eu acho que é divertido cantar sobre isso. E eu tenho a minha própria mini-discoteca em minha casa.

O QUÊ?
Sim. E eu toco muitas músicas lá!

A discoteca em tua casa tem um nome?
Não.

Ela tem aquela bola de espelhos?
Sim, ela tem bola de espelhos. Tem luzes… Tem tudo a que tem direito.

Gostas de ser observada?
Eu não gosto de ser julgada. Mas, sabes, eu acho que é lisonjeador quando as pessoas fazem comentários que são gentis. Particularmente quando é algo que me inspira a melhorar.

Essa é uma boa resposta, especialmente hoje em dia quando as pessoas podem falar directamente contigo no Twitter ou de outra forma, entre considerar o que as pessoas falam de verdade porque são teus fãs e, claro, tu consideras o que eles falam, ao separar das pessoas que só querem abusar de ti. Como tu divides os comentários construtivos dos outros?
Bem, quando as pessoas estão a gritar nos shows e coisas assim, são as coisas que mais me agradam e me motivam a fazer um show melhor.

Mas essas pessoas são fãs.
Certo.

E sobre as pessoas que mandam mensagens maldosas ou dos media. Como tu ignoras as coisas más? Muitas pessoas dizem que não entram na Internet, mas…
Não, eu não entro. Eu nunca entrei. Eu não estou interessada no negativo. Somente no positivo.

Se tivesses 14 anos novamente, e se estivesses em 2011, como farias as coisas acontecer?
Ao fazer bons contactos.

Eu sei o que tu quiseste dizer com isso e tu sabes o que quiseste dizer, mas vamos dizer que essa raparigade 14 anos não acha isso tão óbvio — como começarias?
Sabes, eu acho que tudo se resolve quando se sabe com quem os teus contactos estão e quem são as pessoas ao seu redor, então eu acho que se eu estivesse a fazer tudo isso novamente eu faria isso, mas eu também tiraria vantagem dos media sociais.

Quando muitos artitas atingem uma certa idade — Usher, Justin Timberlake, entre outros — eles começam a lançar os seus ‘protegidos’, gravadoras e coisas assim. Usher lançou Justin Bieber, que se deu muito bem. Se estivesses prestes a começar a tua própria gravadora e tivesses um ‘protegido’, que tipo de popstar procurarias?
Eu sei que há muita gente por aí que consegue cantar e dançar, mas eu procuraria por alguém que tenha algo para se diferenciar de todo o resto. Alguém para atrair as atenções. Eu estou sempre a procurar por essa pessoa com essa habilidade especial. É difícil de encontrar…

E isso nos trás de volta ao que conversamos anteriormente – não é algo que tu possa ensinar a alguém.
Não.

Existe um estilo de voz ou tipo de música com que tu procures trabalhar?
Bem, alguém que ame música. Que não queira apenas ser famoso, sabes?

As pessoas pensam que a fama é sempre uma coisa boa, quando na verdade é normalmente bem má.
Exactamente.

Que tipo de exigências estão sobre os artistas de agora que não estavam nos anos 90? O que mudou?
Eu realmente não tenho esse tipo de pressão em mim. Eu amo genuninamente o que eu faço mas acho que os álbuns são julgados pelas vendas, o que não é bom.

Mas quando tu surgiste, foste apresentada como o tipo de popstar que seria julgada pelas vendas. O tipo de popstar que tu foste era daquelas que só vendia álbuns. E então tornaste-te em algo diferente, mas achas que passou a ser muito diferente da tua versão de 17 anos que agora as vendas não são importantes?
Sabes de uma coisa, eu faço o tipo de música que eu amo e é isso que realmente importa. E eu espero que todos gostem.

Quando achas que o mundo vai acabar, e como seria o som do mundo a acabar?
(Risos) Essa é uma das perguntas mais estranhas que já me fizeram, tirando a da panela! Eu sou uma pessoa positiva, então eu diria ‘nunca’!

Achas que teria algum barulho?
Claro! Seria tipo um estalo, uma crepitação e uma explosão!

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